quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Nada atinge.

 Minha mente vaga sem deixar tocar-se ou fixar-se em alguma coisa. Estou sempre ali, dedicando-me a momentos e sensações, tentando reverter as coisas, mas por fim, de nada sei desfrutar.
Olho pro espelho e vejo um corpo fosco que carrega uma alma de igual palidez, não existe lágrimas ou sorrisos. Toco em tudo, nada sinto.
Os meus ombros se acostumaram com os fardos da felicidade e das lamentações... e  tudo isso vai flutuando no lago insosso da mesmice.
Como autenticar o óbito de um coração que ainda bate?
O destino me entrega as cartas, as mesmas que recebi ontem e receberei amanhã, sorrio sem achar graça do seu humor ofensivo e jogo outra partida, sem saber lidar com as vitorias ou fracassos.
Lá se vai um outro dia...
Eu choro, mas as lágrimas secaram e os sorrisos são só sorrisos e não a felicidade. Eu sei que tenho forças para continuar, andar pelo mesmo chão.Mas o meu coração está insatisfeito, despreza o júbilo e a melancolia, que tão igual e escasso não o atinge.
Eu nunca desejei a paz tão fortemente, mas neste momento, declaro as minhas suplicas. Preciso da calma, e da beleza das coisas simples...mas estou envolta da complexidade e descontentamento.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Doses de refúgio.


No rosto de Dalila era totalmente notável à imagem distorcida de quem um dia pareceu uma boneca de porcelana, seu rosto tinha a delicadeza e os traços perfeitos borrados, transfigurados a uma pintura crua e pavorosa da infelicidade.
Se em algum momento da sua vida tivera sido feliz, já não lembrava. A melancolia a fez esquecer dos sorrisos, como se as lágrimas fossem tantas a ponto de expulsar todos os outros sentimentos positivos que permaneciam por perto.
Dalila chegou ao ponto em que a sanidade precisava ser repelida, já não tinha mais forças para suporta-la. Vivia em seu mundo, com sua euforia planejada...álcool, música e drogas. Era disso que ela precisava pra esquecer.
Cresceu em meio as brigas dos pais e a rejeição dos colegas. Sozinha.
Pode parecer pouco, mas doía tanto. É que a solidão só é prazerosa quando é opcional.
Respirou fundo, inalando o cheiro familiar de cigarros e mofo de seu quarto e aos poucos deixou-se submergir ao delírio.
Do outro lado da porta as brigas começaram de novo, o transtorno... Do outro lado da janela o sol, a vida. Mas estava pressa em outro plano, no seu próprio mundo frágil. Conscientemente destruía a si mesma e deixava o tempo passar. Embora matar-se de uma vez fosse o refúgio mais eficaz, lhe faltava coragem para tirar a própria vida, matava-se aos poucos... mas tinha medo de morrer.
Em meio aos seus devaneios e insensatez, pensou em si mesma e a tristeza começou a invadir. Virou outro copo de Montilla. Cheirou um pouco mais de cocaína... E em seguida gargalhou. Era daqueles sorrisos carregados de mágoa, os que disfarçam o espanto. Estava feito, voltou outra vez pro seu mar anestesico . E quando a lucidez ou tristeza ameaçassem voltar, engoliria outras doses de euforia, ilusão.
Totalmente infeliz e insana, ela sorria.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Ciclo de dor e falhas.

Uma sensação estranha de inquietação, parafusos soltos .A tristeza ia corroendo a própria tristeza , como se fosse preciso desfazer-se por inteira pra só assim restaurar-se . Não chorava, mas sentia.
A sua alma ia desabando e ela sequer lamentava. Deixava fluir todo o processo de destruição .A dor ia esmagando , pisoteando sem piedade. E ela por sua vez, aceitava.
Depois do desabamento reconstruia com calma a estrutura, com os mesmos erros, com as mesmas rachaduras. O ciclo de dor e falhas se repetia de novo.

domingo, 22 de maio de 2011

Amor vibrante em corpos mortos .

E de novo decidiu dá espaço ao orgulho , simplesmente virou-se e caminhou  sem olhar pra traz .Não haveria volta , acabara de matar o percurso do amor . Eros a amava , sabia disso . Ela o amava também, e o  que fizera era totalmente inexplicável, tentou matar o amor antes que ele a matasse , mas morrera por tentar matá-lo. Não pediria perdão a ninguém por seu plano ter fracassado , nem a si mesma .
Sophia era ácida, intragável e totalmente orgulhosa. Deixou Eros ali, com as mãos nos bolsos do Jeans surrado  apenas a olhando , ele ficou  pensando se alguém  imaginaria que aquela garota dos passos leve, olhar carente e rosto de fada fosse tão firme .''Sempre orgulhosa , determinada'' disse a si mesmo num sorriso triste , pois sabia que essa característica que ele sempre admirou  foi o que pois fim em tudo.
Eles viviam em um jogo de possessão onde um tentava dominar o outro, controlar e ter plenamente. Nunca  houve vitoria, tudo virou uma catástrofe .O ódio e amor  fundiram-se, e era impossível desintegrar a matéria , permaneceria assim.
Sophia continuou caminhando e Eros virou-se pro lado oposto e se pôs a andar também. Ambos sabiam que estavam mortos ...mas o amor ardia dentro deles, totalmente vivo, dilacerando-os.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sorria Kate.

Seus olhos brilham pra mim e as marcas de esperança está presente em todo o seu rosto .Quero lhe dizer pra não sorrir pois isso me machuca , mas deixarei o meu egoísmo de lado , hoje você está em primeiro plano , finjo sorrir junto a ti comemorando sua falsa vitoria e pergunto-me se é realmente certo dizer-lhe mentiras, não sei até que ponto a ilusão é realmente boa, mas imagino que seja quando a nevóa ainda é sólida o bastante pra esconder a realidade .
O cheiro deste hospital me desgasta e o seu odor de doença está me matando, mas te engano dizendo que tudo ficara bem . Quero lhe dizer que você morrera e resta pouco tempo, no máximo até amanhã , sua dor se tornara cada vez mais crescente , talvez meu sorriso se desmanche e você verá minhas lágrimas , mas continue a sorrir Kate , acredite nessa mentira .

sábado, 23 de abril de 2011

O tempo pune os que se iludem .

A realidade é um absurdo , um show de terror e arte .
O público perplexo e ofendido por tamanha nudez e verdade , não aplaude .Optam cegamente pelo alucinógeno , pelo fácil e falso.
Mas com sua loucura lúcida o tempo os pune por tamanha ignorância .

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Esse amor ...

Eu prometi a mim mesma manter o meu coração seguro , aplicar com calma um remédio pra livrá-lo da dor que o atormenta , prometi  não tirar outra vez o escudo, seguir outra estrada e simplesmente esquecer tudo que me deixa triste .
Mas quando você sorri mesclando a malícia e a inocência, lá está eu outra vez pronta pra seguir sua voz.
As  minhas palavras somem e eu quebro minha própria promessa  .
Sim , eu irei até você .
Desarmo as armadilhas que me protegem e me submeto a sofrer de novo, abaixo a resistência  pronta pra receber o golpe fatal aplicado por mim mesma : Amar .

domingo, 13 de março de 2011

Vou me permitir .



Hoje decidi , vou deixar que meu coração se expresse .
E sua  voz não será em vão , vou escuta-lo . 
Que se dane se eu me machucar , derrepente  senti vontade de perder o fôlego .
Vou me entregar .
E que as consequências venha , já não me importo mais com elas .

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ela era Juiza e réu ...

Desprendida do mundo ela olhava mais uma vez ao relógio, um olhar ansioso e de suplica, como se a rotação dos ponteiros fosse livrá-la de todos os monstros internos que a perturbava .Cristina estava ali com olheiras profundas, cabelos negros e desgrenhados, rosto pálido e mudo.Esperava por algo que ela própria desconhecia, uma solução talvez , uma ultima esperança. E o relógio o grande curandeiro de magoas ...o tempo certamente tinha as respostas. 
Estava presa, confinada no seu próprio medo, no seu mundo monótono e de leis cruéis. Lembrou-se que as vezes tinha a audácia de escapar sorrateiramente, fugir de dentro de si. Sorria e se agradava com sua própria entrega mesmo sabendo que este ato a deixava na contramão e infligia as suas próprias leis. Teria que ser julgada, horas de transtorno e inquietação psicológica. Ela era juíza e réu. Não podia fraquejar, não ter compaixão pelo condenado era sua regra principal. Em sua mente a guerra...Abdicar-se? Ou continuar sendo?
Cristina estava cansada, cansada de si mesma, o que a própria havia feito dela? Um ser medroso e pessimista. Passara a vida toda se privando de viver. Sem criar afeições, nem aos outros, nem a si própria, para não haver o luxo de privilégios. Mas ela não se privilegiava com fugas? Ela se amava? Sim, se amava. E a moça de cabelos negros e desgrenhados passara a vida tentando trilhar o certo sem perceber que este era o seu maior pecado. Se punia na tentativa de se enganar. Ela se amava! Seus lábios se curvaram de uma forma tímida e desajeitada como se tentasse se lembrar de como fazia. Como sorria? Esquecera-se mas não se impediu de tentar, percebeu nesse pequeno ato que vencera a si própria. Arriscara. Sorriu de maneira ingênua como uma criança que acaba de descobrir um truque novo, gargalhou.Conseguirá .
Decidiu-se, não ficaria sentada na poltrona olhando os ponteiros do relógio mudar .
Não abdicaria quem era e tão pouco continuaria sendo o insosso. Levantou-se da cadeira e derrubou um maço de cigarro que estava na mesa, pegou-o e colocou no bolso . Fez isso numa serenidade espantosa. Seu olhar agora era inteligente, indiferente, deixou a ''juíza'' para traz morta entre as almofadas da poltrona mas fez isso numa frieza e desdém incomum, como se tivesse a plena consciência de que deixava um cadáver a suas costas. Caminhou ate a cozinha e pegou com desleixo uma garrafa de conhaque, bebeu no bico da garrafa varias e varias doses, engolindo coragem . Quando saciou sua vontade parou de beber e foi ate a janela, fitou as estrelas numa expressão silenciosa. E agora? Passara uma vida inteira trilhando o caminho ''certo '' teria que seguir outra estrada? Ou simplesmente mudar a maneira que caminhava? Ambos? Nenhum? O que faria? Ficou ali por alguns instantes sem se mover, apenas observando, absorvendo a calidez da noite fria. Pensando.
Reagiu com um meio sorriso, perverso e malicioso, se eu tivesse observado mais um pouco também o taxaria de cruel. Cristina se matará para só assim renascer. Sentia prazer por isso .
Voltou a beber o conhaque, só que bem menos do que no instante anterior .
Foi até a porta e a abriu, respirou fundo, puxando todo ar a sua volta, olhou para traz e vi pela primeira vez sua expressão de espanto como se não tivesse acreditando no que ela própria estava prestes a fazer. Certamente ela estava feliz seus olhos me contaram, sua felicidade de criança travessa. Olhou o céu e se entregou a mudez da noite, sorrateiramente saiu para mais uma fuga, um rompimento das próprias leis. Só que dessa vez .. não teria julgamentos e punições .
Matará a juíza e transmudou a ''lagarta '', agora era ''borboleta'' e estava prestes a sair de seu casulo .
Despertou ...deu o seu primeiro passo para começar a viver .